Brasil

O cuidado, as desigualdades e a pandemia: entre a família, o mercado e o estado

O projeto tem como objetivo analisar a organização social do cuidado no Brasil. Trata-se de um tema que se tornou especialmente visível nos anos recentes, com crescente produção bibliográfica, inclusive no Brasil.

Entretanto, persistem importantes desafios tanto de natureza teórica, quanto para as políticas públicas e ações dos coletivos organizados. Isso porque, conquanto visível e essencial, o trabalho de cuidado é precário e vulnerável. Evidências abundantes revelam as consequências desproporcionalmente negativas para as mulheres, sobretudo as negras, em particular na conjuntura da pandemia da Covid-19.

Hipotetiza-se que dois traços principais marcam a organização social do cuidado no Brasil. Em primeiro lugar, as desigualdades sociais, marcadas pela interseção entre as dimensões de classe, gênero e raça. Em segundo lugar o familismo, um valor que orienta tanto a conduta dos indivíduos, quanto o sistema normativo e as políticas publicas.

 Eixos da pesquisa:

Para verificar esse argumento, três eixos de pesquisa serão abordados:

1.     o das necessidades de cuidado dos distintos arranjos familiares,

2.     o dos circuitos e configurações do trabalho de prover cuidado,

3.     o dos direitos e políticas de cuidado.

Integrando pesquisadores e atores do campo do cuidado:

O projeto mobilizará uma equipe interinstitucional e interdisciplinar, com expertise reconhecida no que concerne a formas de produzir evidências sobre a natureza da organização do cuidado no Brasil. Ademais, a equipe brasileira se integrará a uma rede internacional organizada ao redor do projeto “ Rebuilding care in a post-pandemic world”. Assim, as análises sobre o Brasil poderão ser postas em perspectiva, graças à comparação com os regimes de organização social do cuidado prevalecentes nos demais países envolvidos na comparação, a saber: Canadá, Colômbia, Estados Unidos, França e Reino Unido.

Move a nossa equipe o interesse em gerar resultados socialmente úteis. Nesse sentido, o modelo de gestão do projeto prevê contar com um Conselho Consultivo que nutrirá, com sua atuação, a interlocução entre especialistas acadêmicos e representantes de trabalhadores/as do cuidado, de organismos produtores de informações e de gestão de políticas publicas com impacto no cuidado, bem como de entidades filantrópicas e da sociedade civil que atuam no campo.

ES