Como as pessoas LGBTQIA+ experimentam o cuidado? São de alguma forma privadas dele por serem pessoas LGBTQIA+? Recebem ou proveem cuidado de alguma maneira diferente por serem quem são? E, no processo de privação ou violência dos arranjos heterociscentrados, reconstituem práticas e arranjos relacionais de cuidado a partir das experiências de discriminação e vulnerabilidades que atravessam? Como? Nesse documento de trabalho pretendemos demonstrar que as expressões dissidentes de gênero e sexualidade influem intensamente nos modos por meios dos quais as pessoas LGBTQIA+ acessam ou deixam de acessar os cuidados ao longo da vida. Suas identidades de gênero e sexualidades “fora do padrão”
são elementos fortes, e ainda pouco estudados, em tudo o que diz respeito ao cuidado. Até mesmo na definição do que ele seja. O presente texto quer compreender esse desenho complexo, propondo a ideia de um cuidado queer, tomando por base os dados empíricos de um projeto intitulado Longeviver LGBT+, que investiga os processos de envelhecimento dessa população em Belo Horizonte, Minas Gerais. E o faz a partir sobretudo de entrevistas de história de vida feitas com 75 pessoas idosas LGBTQIA+. Queremos, com essas pessoas, compreender como suas identidades afetam a própria substância do cuidado, em suas práticas, sujeitos, relações e espaços.
