Este documento de trabalho mensura a amplitude e sistematiza a heterogeneidade interna do segmento de cuidados remunerados no mercado de trabalho brasileiro. Este esforço metodológico é fundamentado em uma concepção teórica de cuidado, bem como em um uso rigoroso de bases de dados brasileiras e classificações ocupacionais (CBO e COD), o que demandou uma revisão meticulosa das descrições de trabalho para cada ocupação. O DT propõe uma tipologia que se baseia em três dimensões: o contexto em que as relações de trabalho ocorrem (doméstico ou não), a natureza da interação entre os trabalhadores de cuidados e os beneficiários (direta ou indireta) e a importância da continuidade na relação de cuidado com base na necessidade do receptor (recorrente ou não recorrente).
O DT apresenta ainda resultados relevantes para pensar o cuidado. O halo dos cuidados abrange 70 ocupações que estão notavelmente presentes no mercado de trabalho do Brasil: quase 24 milhões de trabalhadores em 2019, equivalente a cerca de 25% da população empregada total (PNAD-C). No entanto, os provedores de serviços de cuidado enfrentam grandes desigualdades que diferenciam aqueles que trabalham para uma família em um ambiente doméstico, daqueles em entidades privadas ou em instituições estatais. O estudo permite identificar ainda a racialização das relações de trabalho é especialmente proeminente, segregando uma parte significativa das mulheres cuidadoras para o trabalho doméstico, sob maiores disparidades de renda, condições de trabalho, acesso a direitos e proteção social.
